No cenário contemporâneo há
várias maneiras de se registrar e capturar imagens, além dos ajustes manuais
presentes nas máquinas, também temos a possibilidade de modificar o real
através dos softwares que abrem o olhar para novas expressões artísticas.
Durante o século XIX com a fotografia, várias pesquisas se voltaram para o
melhoramento do aparato fotográfico. Os recursos de sua natureza técnica e seu
mecanismo permitia captação de imagens rapidamente. Pioneiros da fotografia e
precursores do cinema Etienne-Jules Marey e Eadweard Muybridge influenciaram
artistas futuristas e também cineastas de vanguarda, com trabalhos de fotos
sequenciais de movimentocomo mostra a Figura 1 e Figura 2.
Figura 1. Etienne-Jules, Gymnast Jumping over a Chair [ginasta saltando sobre uma cadeira], 1883. Fonte: Rush, 2006 p. 2 e 3.
Figura 2. Eadweard Muybridge, La Nature: Studies in Animal Locomotion [A natureza: estudos de locomoção animal], 1878 Fonte: Rush, 2006 p. 6
Segundo Santaella (2005, p. 20) “A
industrialização, que marcou o início da era eletromecânica, provocou longos
debates entre artistas e críticos a respeito da máquina sobre a Arte”.
No fim do séc. XIX surge o
cinema, uma linguagem nova que após vários estudos e experiências anteriores de
Thomas Edison, Dickson, foi com os irmãos Lumieré e Melies, que as imagens em
movimento foram apresentadas em tela para o público pagante, produziram o real
com A chegada de um trem à estação de
Ciotat. O cinema teve grande impacto na arte e na comunicação de massa no
inicio séc. XX. Foi influenciado pelas vanguardas estéticas como a arte
abstrata, cubismo, surrealismo, etc. Na Alemanha seguiu junto ao expressionismo
abstrato.
Na metade do séc. XX
criou-se o cinema hollywoodiano nos Estados Unidos e posteriormente a TV fica
popular. Na década de 60, novas tecnologias aparecerem e os artistas têm
acesso. Em oposição à televisão e a grande massa a videoarte se manifesta primeiramente
nos Estados Unidos com o grupo Fluxos, como experimentação cinematográfica de
expressão pessoal e não comercial, segundo Rush (2006) “A estética de
videoarte, por mais intencionalmente informal que possa ser, exige um ponto de
partida artístico, por parte dos videoartistas, semelhante ao do empreendimento
estético geral”. O vídeo teve rápida aceitação, artistas expunham em museus e
galerias. A videoinstalação surge na mesma época, agregando o vídeo com outros
materiais, e objetos como mesas, móveis em um espaço de exposição.
A partir da década de 80 e 90 os artistas
buscavam a explorar narrativas pessoais, reflexões sobre identidade e
liberdade.
O vídeo é um meio de baixo custo, sendo um
processo de amplas possibilidades de expressão, agora feitos com câmeras
digitais e editados em computadores, sobre edição Santaella explica (2005, p.
55):
A edição digital e
os sistemas de efeitos oferecem uma série de aperfeiçoamentos e recursos que se
tornaram marcas registradas do vídeo na sua exploração das sintaxes possíveis
da imagem em movimento como, por exemplo, a sobreposição de múltiplas camadas
de imagem e a evanescência de suas passagens, procedimentos que se afastavam deliberadamente
da narrativa cinematográfica.
O questionamento do tempo da obra se torna evidente, tanto na fotografia, que age como memória e fixa um intervalo no tempo, como o vídeo arte temporal e efêmera. Seguindo o pensamento de Rush (2006, p. 4) "Uma imagem criada no computador não reside em nenhum lugar no tempo. Imagens, digitalizadas no computador, depois editadas, montadas, apagadas ou embaralhadas, dão impressão de levar a um colapso as fronteiras normais de passado, presente e futuro".
GAMA, Paola; SENDRA, Fernanda. A fotografia sequencial de Eadweard Muybridge e o cinema de animação. Rio de Janeiro. Disponível em <http://www.dad.pucrio.br/dad07/arquivos_downloads/32.pdf> Acesso em: 16 jul. 2013
MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1998.
RUSH, Michael. Novas Mídias na Arte Contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
SANTAELLA, Lucia. Por que as comunicações e as artes estão convergindo? São Paulo: Paulus, 2007.