terça-feira, 23 de julho de 2013

Um estudo sobre a imagem e o tempo

No cenário contemporâneo há várias maneiras de se registrar e capturar imagens, além dos ajustes manuais presentes nas máquinas, também temos a possibilidade de modificar o real através dos softwares que abrem o olhar para novas expressões artísticas. Durante o século XIX com a fotografia, várias pesquisas se voltaram para o melhoramento do aparato fotográfico. Os recursos de sua natureza técnica e seu mecanismo permitia captação de imagens rapidamente. Pioneiros da fotografia e precursores do cinema Etienne-Jules Marey e Eadweard Muybridge influenciaram artistas futuristas e também cineastas de vanguarda, com trabalhos de fotos sequenciais de movimentocomo mostra a Figura 1 e Figura 2.

Figura 1. Etienne-Jules, Gymnast Jumping over a Chair [ginasta saltando sobre uma cadeira], 1883. Fonte: Rush, 2006 p. 2 e 3.


Figura 2. Eadweard Muybridge, La Nature: Studies in Animal Locomotion [A natureza: estudos de locomoção animal], 1878 Fonte: Rush, 2006 p. 6



 Segundo Santaella (2005, p. 20) “A industrialização, que marcou o início da era eletromecânica, provocou longos debates entre artistas e críticos a respeito da máquina sobre a Arte”.
No fim do séc. XIX surge o cinema, uma linguagem nova que após vários estudos e experiências anteriores de Thomas Edison, Dickson, foi com os irmãos Lumieré e Melies, que as imagens em movimento foram apresentadas em tela para o público pagante, produziram o real com A chegada de um trem à estação de Ciotat. O cinema teve grande impacto na arte e na comunicação de massa no inicio séc. XX. Foi influenciado pelas vanguardas estéticas como a arte abstrata, cubismo, surrealismo, etc. Na Alemanha seguiu junto ao expressionismo abstrato.
Na metade do séc. XX criou-se o cinema hollywoodiano nos Estados Unidos e posteriormente a TV fica popular. Na década de 60, novas tecnologias aparecerem e os artistas têm acesso. Em oposição à televisão e a grande massa a videoarte se manifesta primeiramente nos Estados Unidos com o grupo Fluxos, como experimentação cinematográfica de expressão pessoal e não comercial, segundo Rush (2006) “A estética de videoarte, por mais intencionalmente informal que possa ser, exige um ponto de partida artístico, por parte dos videoartistas, semelhante ao do empreendimento estético geral”. O vídeo teve rápida aceitação, artistas expunham em museus e galerias. A videoinstalação surge na mesma época, agregando o vídeo com outros materiais, e objetos como mesas, móveis em um espaço de exposição.
  A partir da década de 80 e 90 os artistas buscavam a explorar narrativas pessoais, reflexões sobre identidade e liberdade.
 O vídeo é um meio de baixo custo, sendo um processo de amplas possibilidades de expressão, agora feitos com câmeras digitais e editados em computadores, sobre edição Santaella explica (2005, p. 55):
A edição digital e os sistemas de efeitos oferecem uma série de aperfeiçoamentos e recursos que se tornaram marcas registradas do vídeo na sua exploração das sintaxes possíveis da imagem em movimento como, por exemplo, a sobreposição de múltiplas camadas de imagem e a evanescência de suas passagens, procedimentos que se afastavam deliberadamente da narrativa cinematográfica.

          O questionamento do tempo da obra se torna evidente, tanto na fotografia, que age como memória e fixa um intervalo no tempo, como o vídeo arte temporal e efêmera. Seguindo o pensamento de Rush (2006, p. 4) "Uma imagem criada no computador não reside em nenhum lugar no tempo. Imagens, digitalizadas no computador, depois editadas, montadas, apagadas ou embaralhadas, dão impressão de levar a um colapso as fronteiras normais de passado, presente e futuro".    


 DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. Campinas: Papiros, 1993.
 GAMA, Paola; SENDRA, Fernanda.  A fotografia sequencial de Eadweard Muybridge e o cinema de animação. Rio de Janeiro. Disponível em <http://www.dad.pucrio.br/dad07/arquivos_downloads/32.pdf> Acesso em: 16 jul. 2013
 MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1998.
 RUSH, Michael. Novas Mídias na Arte Contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
 SANTAELLA, Lucia. Por que as comunicações e as artes estão convergindo? São Paulo: Paulus, 2007.


   

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